Tópicos vacacionais I

Era Carnaval. Talvez fosse Diamantina, mas mais parecia Ouro Preto. Não sei se fazia frio. Era noite e o fim do carnaval se aproximava, embora não fosse essa a sensação. Ela entrou, rumo ao breu, sob uma trilha sonora que se perdeu nas recordações. Ele estava lá, sentado. E de onde estava, podia ver as pessoas lá fora e vice-versa, graças a uns feixes esparsos de luz que fugiam de alguma lâmpada externa. [branco] O que se seguiu foi menos cena que uma sensação inebriante. Um beijo suave, envolvente e interminável. Quase sublime. Como se ela o tivesse esperado por uma eternidade. Os lábios se tocaram docemente, as faces deslizaram uma contra a outra e nestes longos instantes nada nem ninguém existia além d´eles.
Entraram um pouco mais rumo à claridade ausente, onde o anonimato os abraçava. Mas já tinham sido vistos...
O chamado da mãe veio em seguida, em tom de reprimenda enciumada, o carro já esperava repleto de desconhecidos unidos em excursão. Como uma bolha de sabão, a magia se desfez. A despedida por olhares cúmplices e emudecidos precedeu passos apressados e o ruído do motor da van, que agora se misturava à algazarra dos foliões que desciam a ladeira.