domingo, 14 de dezembro de 2014

Sozinha

Noite passada tive um dos maiores momentos de tristeza dos últimos tempos. Vem chegando o fim do ano, a cabeça toca o travesseiro e muitas reflexões boas e ruins vêm à mente. Chorei muito, por algumas horas, pensando no quanto eu não gostaria de estar na situação em que estou. E quem sabe tentar mudar nesse novo ano que vem em breve...
Perdi contato com muitos dos meus amigos. Ninguém mais me liga, não participei de nenhuma festinha de confraternização de fim de ano. Talvez não haja tanta fraternidade assim. Estou indo infeliz para passar o Natal na casa da sogra, não queria. Meus amigos estão muito ocupados para me encontrar no final de semana. E durante a semana, o forte ritmo de trabalho não me deixa forças pra encontrar ninguém. 
De repente me vejo em uma situação financeira complicada, sustentando um marido que não consegue emprego há 8 meses, que não me faz feliz em tão pouco tempo de casamento e que terapia nenhuma me faz ver lado positivo de coisa alguma. A chuva lá fora não para, parece até que se solidarizando comigo.
Preciso falar com alguém, contar o que me amargura. Mas pra quem? Pais, que não me compreendem? Amigos que mal sabem o que se passa e que provavelmente acham um exagero enorme da minha parte ficar triste assim em função de uma situação temporária?
Só vejo tudo ficar mais triste, mais opressor. Não me cuido, não tenho roupas novas nem ânimo para procurar em lojas. Não consigo planejar minhas próximas férias, coisa que sempre fiz e amei fazer. 
Tudo parece uma grande obrigação, uma rotina infinita que tirou meu brilho, minha alegria de viver, minha paz.
Vontade de sumir e só voltar quando tudo acabar. E melhorar.

terça-feira, 8 de julho de 2014

À flor da pele

Pronto. Escrevi um texto enorme e amargo e apaguei sem querer.
Talvez não fosse mesmo para ser registrado.
Azedume.

quinta-feira, 15 de maio de 2014

E se... Será?!

E se essa depressão não passar?
E se ela atrapalhar meu relacionamento?
E se já tiver atrapalhado?
E se eu quiser jogar tudo pro alto?!

Será que vou ter coragem?
Será que me vou me arrepender?
Será que vou ficar sozinha pra sempre?
Será que algum dia vou ser feliz de novo?

Não sinto saudade,
Não sinto vontade,
Não sinto nada...
Só uma angústia infinita...

quinta-feira, 24 de abril de 2014

Fragilidade

Por trás da fachada de durona e bem sucedida está a mais pura fragilidade. Havia tempos que tantas lágrimas não desciam. Talvez estavam bem ali, acumuladas, brilhantes, loucas por sentir a brisa nem sempre agradável do exterior.
(Dos idos tempos das Memórias da Menina Solitária vem a escrita livre. Os escrita de livre associação, automática. Ok, nem tão automática assim... Freud não faria por escrito, o voluntário mascara o inconsciente. Daqui pra frente, o estado de semi-sono prevalece e o texto tornar-se-á imprevisível.)

Paulada, pancada, provação, teste. Confusão de idéias, sensação de egoísmo, pecado, fala comedida e cercada de medo. Medo de magoar (o que faço muito bem com quem amo), de falar o que realmente vem à cabeça. Os olhos se fecham, inchados e vermelhos, próximos ao travesseiro úmido em salmoura. Soluços. O nó aperta a garganta, uma vontade louca de falar pra alguém, desabafar, e a tecnologia facilita a escrita, já que a voz não sai. Os olhos de quem está longe em distância mas sempre junto de coração acompanham minha agonia de dígitos trêmulos e palavras erradas. Mas mesmo assim a verdade não sai. Ela traz vergonha de tantos pensamentos baixos (com filtro do consciente) e fortes, incontroláveis.
Aconteceu o que aconteceu, como diria Marisa Monte. E me abalou. Me tirou do aparente conforto, da alegria dos acontecimentos da manhã. Foi o meio dia (ou 13 horas?) mais duro dos últimos tempos. A ligação despretensiosa teve como resposta um solavanco e muitas lágrimas.
Fui acolhida, escutada, em meio a soluços em uma sala imediatamente trancada frente ao meu descontrole. Agradecimento imenso... Mas mesmo hoje, 36 horas depois, ainda sinto os olhos marejarem.
O que não falo e quase não admito nem pra mim mesma é a vontade de cancelar tudo, desistir, terminar o que foi aliançado e partir para um novo mundo de céu azul, fontes cantantes e enfeitado por um lindo arco-íris. O semi-sonho virou pesadelo, peso dele, pesado demais pra ela.
Os óculos que embaçam na piscina, o rosto queima. O choro tira as forças necessárias à escalada das escadas. E uma mensagem vem, de remetente desconhecido, cair feito luva, carapuça de medidas exatas.
Desânimo, depressão, ligações para um psicólogo que nunca atende.
Acabou a admiração, morreu um ídolo pra mim. Virou um lixo, um estorvo. O julgamento paternal, sem nem saber qual seria, já doía, castigava. E nem veio com tanta dor. A possibilidade de adiamento sugerida trouxe mais choro. Porque no fundo, era vontade cancelar tudo. A mensagem foi das mais difíceis de se escrever; a resposta veio imediata, compreensiva, calmante. Tinha que ser por escrito... Mas depois por telefone. Meio sem palavras, compreensivo.
A amiga-irmã carinhosa consola, quase pude sentir suas mãos me abraçando e afagando meu cabelo em solidariedade confortadora a tantos e tantos quilômetros de distância... E ainda que muito frágil e fraca, vou buscando forças não sei de onde, em meio a teclados, telas, telefones e solidão.
Vai passar. Um dia.

sexta-feira, 17 de janeiro de 2014

I can't get no... satisfaction...

A música é antiga. Mas o problema permanece contemporâneo. A insatisfação constante assombra. Talvez seja trazido por perfeccionismo, neurose, distúrbio obsessivo-compulsivo ou simplesmente um quadro depressivo. Ou por pressão consumista que a vida moderna impõe. A questão é que a constante insatisfação assombra muitos distraídos por aí.
Cada sujeito tem sua visão da vida e sentimentos próprios... Mesmo tendo esta consciência, me assusto com meus próprios pensamentos de insatisfeita. Não basta realizar um desejo, uma vontade. A sensação de realização passa, e rápido. Logo a insatisfação vem de novo e com ela a inveja (palavra dura, mas necessária no contexto) da vida alheia, das benesses e bens alheios, e novos desejos brotam.
É aquela viagem que sua amiga fez, o carro que seu chefe comprou, o apartamento que um conhecido adquiriu, a jóia da sua colega que é mais bonita que a sua, o amor que alguém experimenta de forma plena. Isso incomoda e muito. Nada nunca é suficientemente bom, Por que as coisas são assim?! Essa angústia gera uma sensação de autopunição, de incompetência, fragilidade.
TPM?
Talvez.
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Escritos de um dia desses

É engraçado como as coisas acontecem... Esbravejo e praguejo a vida e ela vai lá e me passa uma lição.  Imagine dia profundamente estressante, permeado por episódios de taquicardia, descontrole e irritação. Um dia chuvoso de trânsito complicado, de ausência de sinal de celular, de esquecimentos e desencontros. Daqueles que nem fariam falta se não tivessem acontecido. A reunião acabou muito tarde, infelizmente já não havia temo hábil para exercitar o corpo, depois de tanto desgaste mental. A opção era abastecer o carro, que andava há muito com combustível ínfimo, descansar ao som da chuva infinita e preparar para a nova batalha no dia seguinte. Paguei o que devia ao frentista e ao relancear percebi um homem sentado no chão próximo à loja de conveniência. Muito sujo, molhado, tremia e resmungava, embora fosse de uma docilidade comovente. Ele se virou e pude ver o sangue vivo brotando de seu rosto ferido. Susto, repulsa, compaixão se mesclaram, ninguém conhecia o rapaz. Aparentava 40 e poucos anos, olhava perdido com um saco plástico e dois guarda-chuvas nas mãos. Exalava bebida alcoólica e tinha fala descoordenada e gaguejante. Não tive coragem de ir sem fazer nada por aquele ser. Liguei para o serviço de urgência e embora o local não fosse fechar, resolvi aguardar a ambulância. Um rapaz ofereceu comida e um chocolate quente, ele comeu satisfeito. Depois brincou com um chinelo velho, me mostrou que estava com frio e me pediu um agasalho. Aos poucos, agachada, fui tentando entender o que havia acontecido... Quase ininteligível, gaguejante, ele contou gesticulando e balbuciando que era morador de rua, bebeu muito e caiu. Ameaçava levantar, limpava o chão com o chinelo, mas obedecia quando o pedia para ficar calmo e aguardar cuidados médicos. Pude enxergar um sorriso sofrido em meio àquele rosto manchado de sangue coagulado, passivo, agradecido. Logo a ambulância chegou, acolheram o rapaz, limparam os ferimentos e ali mesmo me despedi com um aceno. Voltei pra casa pensativa, agradecida e tocada por poder ter vivido um dos fins de dia mais atípicos dos últimos tempos. E de repente o cansaço passou, meu coração teve paz e um sentimento indefinido intenso fez meus olhos marejarem.