segunda-feira, 18 de janeiro de 2010

El pasado

Foi há alguns anos, numa noite qualquer. Começou com uma troca de olhares, fugitivos, esquivantes, quase adolescentes. Ele olhava ao mesmo tempo em que ela o reparava, logo o rubor e um sorriso e um palpite dos amigos. Conhecidos? Talvez. De onde? Ficava a interrogação.
Ele veio. Pediu desculpas, não quis ser galante (mas foi) e tentou sanar a curiosidade. Conversaram a princípio receosos, depois animadamente, em busca de amigos comuns ou situações em que poderiam ter se conhecido em alguma época. Não. Eles nunca haviam se visto. Mas tinham a impressão do contrário. E já se sentiam amigos.
Ele queria um beijo, ela queria conversar até o dia seguinte. Um beijo roubado, telefones trocados e assim a noite terminou.

Foram muitos encontros, gentilezas, alegrias, abraços confortantes, beijos alucinantes e conversas sem fim. Houve amor real, mas nem eles mesmos sabiam bem. Sem querer se ajudaram, superavam aquela que talvez fosse a primeira grande decepção amorosa de cada um... E de súbito, tudo se foi. E sem olhar para trás, a vida continuou. Sem despedidas. Sem mágoas. Como um sonho bom.

Houve reencontros. Inexplicáveis, obras do acaso ou do destino, se é que isto existe. Sempre acompanhados de um suor frio e de coração acelerado, alguns ardentes, como se o tempo nada tivesse mudado no afeto e carinho que os unia, outros furtivos e quase impessoais. E então veio o dia em que nada disso aconteceu. Um olhar, um sorriso, o cumprimento e o abraço. Trocaram algumas palavras poucas. Ele estava diferente... ela também. Em meio a multidão, se distanciaram. E nunca mais se viram.

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