domingo, 9 de novembro de 2008

"A beleza leva consigo a semente do luto por seu fim certo."

"Usando as nossas melhores defesas obsessivas para manter esse luto imobilizado, pagamos um preço pelo isolamento e pelo distanciamento.

Esta é uma conhecida história budista: o filho de um mestre tibetano adoeceu e morreu subitamente. Escutando seu choro inconsolável, os discípulos do mestre chegaram e o enfrentaram com surpresa:
— Você nos ensinou que tudo é ilusão e que não devemos nos apegar — advertiram-no. — Por que chora e pranteia?
Imediatamente, o mestre respondeu:
— Sim, tudo é ilusão... mas a perda de um filho é a ilusão mais dolorosa...
O mestre não tentou reprimir seu apego ou seu luto: foi capaz de aceitar o pesar tão sem reservas como aceitava a beleza.
Freud observou que seus amigos, deixando de lado o aspecto doloroso da experiência, isolavam-se de sua própria capacidade para amar. A reação do mestre tibetano nos mostra
que o amor e o luto, como a separação e a conexão, são partes inseparáveis de uma única emoção.

A solução não é negar o apego, mas nos tornamos menos controladores na maneira como amamos."
(EPSTEIN, 2002)

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